Tanto apreciava aquele procedimento que o repetia, religiosamente, todos os dias de semana, exceto aos domingos, quando o barzinho do portuga permanecia fechado.
Como justificativa, embora não sentisse necessidade fazê-lo, dizia que assim procedia para ter mais tempo com ele mesmo, isto é, queria aproveitar mais sua própria companhia, questionar-se.
Alvo de olhares críticos, geralmente com conotações negativas, fortalecia-se em sua individualidade dizendo a si mesmo que a sua se manifestava a partir da ignorância do outro e que se ali estava, àquela hora, era porque assim o desejava.
E pronto.
E, em tom de pilhéria, soltou seus questionamentos: o que de errado estava fazendo? Será que estavam preocupados com sua saúde? E a quem interessava sua saúde se não a ele mesmo? Ou era por que devia estar trabalhando, já que pela reação de alguns estava dando um mau exemplo? Mas será que o tempo que já havia dedicado ao trabalho não foi suficiente?
Não o incomodava a contrariedade demonstrada por alguns, nem tinha a menor intenção de afrontar alguém, simplesmente só queria exercer seu direito de estar bem com ele mesmo.
Carlos Oliveira é empresario e motorista