AutoMobilidade. Quando defini este como o novo nome da minha coluna semanal recebi a seguinte avaliação de um colega e amigo: “Muito pertinente. Às vezes nos esquecemos de que o veículo se chama ‘auto + móvel’ (que se move por conta própria)”.
Na verdade, raramente paramos para pensar na etimologia das palavras, mas, quando fiz este exercício, cheguei ao nome ideal que define a razão de ser desta coluna: discutir as formas de locomoção, especialmente por meio do automóvel, e todos os seus impactos e nuances.
A mobilidade do ser humano já aconteceu das mais diversas formas na história da humanidade: a pé, a cavalo, de carro, ônibus, bicicleta… E a mobilidade nos centros urbanos vive um momento de profunda transformação, com os aplicativos de transporte de passageiros, de carona, a chegada dos veículos elétricos, etc.
Mas como começou a mobilidade por automóveis? No meu exercício de escolha do novo nome descobri que a primeira pessoa a fazer uma viagem em um automóvel foi uma mulher: Bertha Benz, esposa do inventor Carl Benz – feito que completa 130 anos em 2018!
Aconteceu assim: em agosto de 1888, Bertha decidiu pegar um dos três protótipos criados pelo marido – testados, até então, apenas nos arredores da garagem – e testá-lo em uma viagem de mais de 100 km até a casa de sua mãe. A intenção desta pioneira era testar o invento e torná-lo viável comercialmente, já que as primeiras tentativas de vender a “carroça sem cavalos” haviam sido frustradas.
Bertha Benz a bordo do protótipo construído pelo marido.
(Se você quiser detalhes desta história, acesse o site da Mercedes-Benz)
Com essa viagem, Bertha conseguiu aprimorar os sistemas de freio e outros detalhes do carro, além de conseguir publicidade gratuita para o invento, batizado de Benz Patent Motorwagen III. Imagine o orgulho desta, que pode ser considerada a primeira piloto de testes da história, ao ver a evolução do invento que ajudou a viabilizar!?
Evolução
Desde Bertha Benz até hoje, os automóveis sofreram metamorfoses. Os veículos elétricos já são realidade, aguardando regulamentação e infraestrutura para se tornarem viáveis economicamente. A própria Mercedes-Benz anunciou que terá versões elétricas de todos os seus modelos até 2022.
O Governo Federal estuda um plano para o setor automotivo (o Rota 2030) que deve privilegiar montadoras por suas contribuições ambientais por meio da redução de emissões dos veículos; os municípios são cobrados quanto à eficiência dos seus sistemas de transporte público e infraestrutura de deslocamento; veículos autônomos estão na ordem no dia das pesquisas nas montadoras: ao invés da “carroça sem cavalos”, estamos nos preparando para a chegada do carro sem motorista.
Pensando etimologicamente, o carro autônomo será a personificação do termo automóvel, a primeira vez em que o veículo será, realmente, AUTO MÓVEL, responsável por seu deslocamento sem interferência externa. E como estamos enfrentando todas essas transformações? Este assunto ainda vai render muitas colunas.