Dia da Fraternidade, por Carlos Oliveira

O cenário não era aquele que a ocasião sugeria, o dia da Confraternização Universal.

Pelo contrário, poder-se-ia até dizer que o dia era o da indiferença, pois de coerente com o que fosse fraternidade, só o convívio daqueles pobres miseráveis esparramados pelo chão, em calçadas e sob marquises.

Alguns, mais privilegiados, com um papelão como colchão, outros nem mesmo isto tinham.

E, por incrível que pareça, havia solidariedade entre eles, seja na troca de um gole de cachaça por um cigarro ou algo para comer. E até um abraço amigo surgia.

Só não havia alegria.

O pouco de movimento nas ruas, tanto de pessoas como de veículos, normal naquele período de final de um ano e inicio de outro, mais acentuava o impacto da miséria humana, escancarando-a.

É de se questionar, e sem qualquer emoção barata, por que não diminuir aquele sofrimento exposto daquelas criaturas esquecidas do convívio social, recolhendo-as a uma prisão onde, pelo menos, se protegeriam da intempérie e, quem sabe, com um prato de sopa e alguma atividade laboral, pudessem se reciclar para uma vida sem uma morte anunciada.

Carlos Roberto de Oliveira

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