Especialista em Neurociência ensina ferramentas para melhorar conexão com os filhos

Uma relação que precisa ser pensada e repensada, principalmente levando em conta o cenário em que vivemos, cujas famílias foram impactadas pelo número recorde de 76.175 divórcios em 2020 (primeiro ano da pandemia), 70% a mais do que no ano anterior, segundo o Colégio Notarial do Brasil.

Isso sem falar no número de crianças com algum transtorno ou doença mental, que só aumenta: dados da Sociedade Brasileira de Pediatria apontam que em 2019, antes da pandemia, o número de crianças de 0 a 14 anos internadas em hospitais públicos com diagnosticadas com doenças mentais e transtorno de ansiedade aumentou 93%. Depois do isolamento social este número cresceu ainda mais.

Para a jornalista e especialista em Neurociência e Performance Humana, Abilene Rodrigues, a prevenção para muitos transtornos começa uma mudança de comportamento dentro de casa, com uma postura diferenciada por parte dos pais, seja em um cenário de isolamento social, ou não. “A mudança precisa começar pelos pais. O primeiro passo é entender que as crianças modelam o comportamento dos adultos. Nós somos hoje resultados das memórias que vivemos na infância. Se foram boas, vamos repetir com nossos filhos. Se foram ruins, temos a tendência de repetir, porém, podemos evitar e construir uma nova história”.

Mais amor por favor

Estudos explicam que as birras, as desobediências, os gritos e até o mau comportamento produzido pelas crianças são a forma encontrada por elas para chamar a atenção dos adultos. “Eles não têm a maturidade para sentar e conversar para expressar seus sentimentos, muitas vezes nem nós adultos conseguimos ter. Essas atitudes demonstram que as crianças estão apenas pedindo amor. Clamando para serem ouvidos. Muitas vezes desconhecem que são amados”, alerta.

Nesse caso, cabe aos pais interpretarem os sinais e se questionarem se estão demonstrando amor aos seus filhos, se estão conseguindo estabelecer uma relação de confiança que inspira segurança e que passa pela demonstração de afeto, empatia, atenção e até mesmo o estabelecimento de limites. A sugestão da especialista em Neurociência visa a prevenção de transtornos passíveis de prevenção para quem busca cumprir a missão de formar adultos saudáveis, felizes e empáticos. Para isso é necessário somar mais memórias positivas do que negativas no cérebro da criança. “Cada vez que vivemos uma experiência, ocorre uma sinapse química entre os nossos neurônios, um registro no nosso cérebro. Que pode ser bom, ruim ou trivial. Se queremos filhos saudáveis precisamos gerar mais sinapses boas que ruins”, explica.

Reflexão
No Dia dos Filhos, Abilene sugere uma reflexão a partir de algumas perguntas: Qual foi a última vez que você disse olhando nos olhos dele o quanto o amava? Quando leu uma historinha para eles? Quando riram juntos?

São comportamentos simples do dia-a-dia que criam memórias positivas. Só para exemplificar, os adultos de hoje são resultados das memórias vividas na infância. Como elas foram? Como você é hoje? Será que você está oferecendo mais memórias positivas ou negativas para os seus filhos?

Além da escola, do videogame, das atividades extracurriculares, é fundamental abraçar os filhos e criar memórias de pertencimento e empatia. Só assim serão adultos confiantes, empáticos e gentis. Que tal parar agora e perguntar o que ele mais gosta? Como ele se sente feliz e amado?
É o começo da formação de uma memória positiva.

Memórias poderosas

Confira quatro memórias poderosas que vão colaborar para o futuro dos nossos filhos.
1 – Pertencimento: Os filhos precisam se sentir acolhidos e parte da família. Para isso, jamais economize beijos abraços e carinhos. Ajude nas tarefinhas. Convide-o para arrumar a mesa do jantar.

2 – Importância: Todos gostam de se sentir únicos. Os filhos também. Que tal dedicar um tempinho do dia só para eles.

3 – Conexão: Os filhos precisam saber e sentir que estão ligados aos pais. Quando forem ouvi-los e até repreendê-los, se abaixe na altura deles. Pergunte como estão se sentindo. Como foi o dia? O que aprenderam?

4 – Limites, com amor: Estabelecer limites é um gesto de amor. Dar limites é contribuir para o sucesso deles. Ensinar sobre a responsabilidade de suas atitudes. Mas lembre-se, esteja calmo. Jamais demonstre imposição,
Se deseja ter filhos bem-sucedidos, precisa se posicionar com amor.

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