Fabricante do “sistema nervoso” dos automóveis aposta na mão-de-obra feminina 

Dos 1,3 mil empregados da empresa, 61% são mulheres. Elas atuam desde a confecção dos cabos, considerados o “sistema nervoso” de um automóvel, até os cargos de diretoria.  Somente uma versão intermediária do Kwid tem 12 chicotes e um total de 600 fios condutores de energia. Eles são responsáveis pelo funcionamento do motor, direção hidráulica, vidros e travas elétricas, ar-condicionado, bateria, entre outros. Quanto mais tecnologia tem um carro, mais chicotes são necessários”, explicou o sub-gerente de engenharia, Juan Almiron. 

Outra política de gestão da Fujikura, no Paraguai, implantada pela vice-presidente, Tatiana Mursa, é a idade dos empregados. Eles têm em média 26 anos. E dentre as mulheres, 24% são mães solteiras. 

Segundo Tatiana, é um trabalho artesanal e exige concentração. Não pode haver erro. Se um cabo der problema, não é possível abrir ou fechar o vidro tampouco dar a partida no carro. “As mulheres são muito responsáveis. Elas sabem que precisam do trabalho para alimentar seus filhos. Já tivemos mais mulheres, cerca de 75% do quadro”, disse. 

Empresa Segura

A meta da vice-presidente, que já conquistou para a Fujikura, desde 2011, quando a fábrica foi aberta no Paraguai, prêmios de qualidade, de segurança e ambiental, é ter o Selo de “Empresa Segura – Libre de Violencia y Discriminacion contra las Mujeres”, que será concedido pelo Ministerio de la Mujer, em novembro.

“A Fujikura, no mundo todo, procura fazer seu trabalho social. Aqui no Paraguai, pesquisamos as principais dificuldades da população. E há muitas jovens solteiras, e com filhos. Resolvemos dar oportunidades a elas”, afirmou Tatiana.

Para atender essas mulheres, a empresa mantém uma sala de amamentação. Como não é possível trazer os filhos para a fábrica, no espaço, hoje, 39 mães, extraem seu leite para depois alimentar os filhos. Desenvolve também uma série de atividades educativas, inclusive de educação sexual e reprodutiva e, no combate à violência doméstica. “Como são muito jovens, explicamos através dos nossos boletins e cartazes, o que é violência doméstica e quais os passos. Muitas nem percebem que estão sendo agredidas”, explicou.

A Fujikura também tem um cuidado especial com egressas do sistema penitenciário. A empresa montou uma mini fábrica dentro da Cadeia de Ciudad del Este para que as presas possam trabalhar. “Elas sabem que precisam ser reinseridas na sociedade. Nós damos a oportunidade. Elas produzem os cabos na cadeia enquanto estão presas e quando saem, vem trabalhar conosco. Temos 20 detentas produzindo os chicotes na cadeia”, disse Tatiana. 

Exemplo

Como presidente da Comissão Mulheres Advogada, da OAB, em Foz do Iguaçu, Thaise já visitou várias empresas, mas para ela, o trabalho desenvolvido pela Tatiana é um exemplo a ser replicado. “É muito comum ver todas essas políticas de gênero em empresas públicas, mas não em privadas. Isso demonstra que é possível unir as políticas de gênero e obter lucro”.

E completou. “Um dos detalhes que mais me chamou a atenção foi a preocupação com o salário-maternidade. A empresa adianta o valor para as grávidas, pois pode demorar o pagamento por parte do governo”. A empresa também promove oficinas entre as gestantes. 

 

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