Visivelmente incomodadas, porém, e paradoxalmente, interessadas naquele lugar ficar, duas mulheres, acomodadas em um espaço visível de um calçadão cujo movimento e o vai-e-vem de pessoas se fazia intenso, ali conversavam.
A cena tudo tinha a ver com o trágico e o cômico, pois, a rigor, não havia razão para que permanecessem tanto tempo naquela condição.
Ora com o semblante preocupado, ora com um ar de melancolia, conversavam ininterruptamente.
De que tanto falavam aquelas duas mulheres?
Intrigado, e sorrateiramente, um gajo se aproxima e, ouvindo o que diziam, diz para si mesmo: realmente, o vazio é um forte agente da solidão humana e, continuando com sua análise filosófica, acrescenta o seguinte comentário: “se deixar levar por detalhes estéticos que nem tão importantes são e nem justificam tanta preocupação”.
E que preocupação seriam aquelas?
Simples, esquecidas e desamparadas dos olhares outrora envolventes, atribuíam o fato do desinteresse circunstancial ao avanço da flacidez abdominal de ambas.
Olhando uma para a outra, e não restando alternativa, decidem ir embora, mesmo porque a novela da vida continua e, quem sabe, algum papel na trama desta poderão ainda desempenhar.