Flagrantes da vida real!

Visivelmente incomodadas, porém, e paradoxalmente, interessadas naquele lugar ficar, duas mulheres, acomodadas em um espaço visível de um calçadão cujo movimento e o vai-e-vem de pessoas se fazia intenso, ali  conversavam.

A cena tudo tinha a ver com o trágico e o cômico, pois, a rigor, não havia razão para que permanecessem tanto tempo naquela condição.

Ora com o semblante preocupado, ora com um ar de melancolia, conversavam ininterruptamente.

De que tanto falavam aquelas duas mulheres?

Intrigado, e sorrateiramente, um gajo se aproxima e, ouvindo o que diziam, diz para si mesmo: realmente, o vazio é um forte agente da solidão humana e, continuando com sua análise filosófica, acrescenta o seguinte comentário: “se deixar levar por detalhes estéticos que nem tão importantes são e nem justificam tanta preocupação”.   

E que preocupação seriam aquelas?

Simples, esquecidas e desamparadas dos olhares outrora envolventes, atribuíam o fato do desinteresse circunstancial ao avanço da flacidez abdominal de ambas.

Olhando uma para a outra, e não restando alternativa, decidem ir embora, mesmo porque a novela da vida continua e, quem sabe, algum papel na trama desta poderão ainda desempenhar.  

 

 

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