A Itaipu Binacional e a Case New Holland (CNH) Latin America Ltda. assinaram nesta segunda-feira (29), em Esteio, região metropolitana de Porto Alegre (RS), um acordo de cooperação para aprimorar e difundir tecnologias relacionadas ao uso do metano como combustível veicular.
O acordo prevê a cessão por comodato do trator modelo T6.140 – Methane Power, desenvolvido na Itália pela New Holland e apresentado pela primeira vez no Brasil durante a Expointer 2016 – a Exposição Internacional de Animais, considerada a maior feira a céu aberto da América Latina.
Abastecido com biometano, o protótipo ficará durante um mês no Oeste do Paraná, percorrendo propriedades agrícolas e cooperativas da região. O objetivo é testar e coletar dados técnicos sobre a viabilidade do biometano como combustível para maquinários agrícolas.
O documento foi assinado pelo diretor-geral brasileiro de Itapu, Jorge Samek, e pelo vice-presidente da New Holland Agriculture para a América Latina, Alessandro Maritano.
Também participaram da solenidade o diretor técnico executivo da binacional, Airton Dipp, e o superintendente de Energias Renovável, Herlon Goelzer de Almeida. Pela New Holland, estavam presentes o diretor Comercial para o Brasil, Alexandre Blasi, e o Diretor de Marketing para a América Latina, Carlos d’Arce.
“Trouxemos para a Expointer uma revolução na forma de produzir no campo, respeitando o meio ambiente, reduzindo custos e sem mudança operacional para o produtor”, afirmou Alessandro Maritano.
Jorge Samek destacou que a transformação de dejetos da agropecuária em biogás, seja para uso veicular, seja para produção de energia elétrica ou térmica, representa uma solução inovadora para um problema ambiental grave, que são as emissões de gases que provocam o efeito estufa e a poluição do solo, rios, lagos e córregos.
Ele lembrou que recentemente o Brasil assinou em Paris, durante a COP-21, acordo para reduzir as emissões de CO2 até 2030 – e uma das fontes para isso é a utilização de novas fontes de energia. “É um tema novo, a agricultura do futuro vai passar por isso. O agricultor do futuro vai produzir combustível na sua propriedade”, disse.
Ainda segundo Samek, iniciativas como essa têm transformado o Oeste do Paraná em laboratório de novas tecnologias. “A região vive uma revolução da transformação da proteína vegetal em animal. Mudou a economia da região e isso não vai parar”, garantiu. “Estamos caminhando em direção ao futuro e queremos fazer uma parceria em favor dos agricultores, do meio ambiente, do Brasil e do planeta.”
“Com a produção do biogás, o produtor terá capacidade de se tornar mais independente na geração das energias necessárias no seu processo produtivo, em especial veicular, neste caso alimentando o seu trator, tornando-se autossuficiente e barateando seu custo produtivo”, reforçou Herlon de Almeida.
Ações conjuntas
O acordo prevê o desenvolvimento de ações conjuntas, programas e projetos de interesse e objetivo comuns, “que contribuam para o desenvolvimento da cadeia produtiva do biogás através do tratamento de resíduos orgânicos urbanos e rurais, transporte, armazenamento e consumo resultando em mitigação de impactos ambientais e gerando emprego e renda locais e ou regionais”.
O trator da New Holland (que desenvolve 136 cv de potência máxima e 350 Nm de torque) será abastecido no posto de biometano instalado dentro do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e projetado por técnicos e engenheiros da binacional e do Centro Internacional de Energias Renováveis Biogás (CIBiogás-ER).
De acordo com a montadora, o T6.140 tem capacidade para armazenar 300 litros de metano comprimido, com autonomia de seis horas de trabalho ininterrupto, emitindo 80% menos dióxido de carbono que um trator convencional. A economia em relação ao diesel é de até 40%.
Na Europa, o trator foi testado na fazenda La Bellotta, em Turim, Itália, considerada modelo em agricultura sustentável. A fazenda com 400 hectares faz parte da estratégia da montadora de se tornar Líder em Energia Sustentável (Clean Energy Leader). O protótipo também percorreu outras propriedades no Velho Continente.
Pista de testes
Novidade no Brasil, o uso do biometano como combustível veicular já é realidade na Itaipu. O gás é produzido em biodigestores da Granja Haacke, de Santa Helena (a 100 km de Foz do Iguaçu), a partir de dejetos de aves poedeiras.
A granja é uma das unidades de demonstração do CIBiogás-ER e conta com 84 mil galinhas e 750 bovinos de corte – que produzem 700 metros cúbicos de biometano por dia, com dejetos do plantel. Na propriedade, o gás é filtrado e envasado, antes de ser transportado até o posto de abastecimento no PTI, dentro do complexo hidrelétrico.
Atualmente, dos 248 veículos da frota própria da margem brasileira da usina, 43 estão aptos a rodar com esse combustível. Outros 55 veículos são elétricos e 150 flex (gasolina e álcool) ou diesel.
A maioria dos veículos a biometano é formada por modelos Fiat Siena Tetrafuel, que já vem de fábrica com kit para gás veicular. Mas há também quatro caminhonetes e carros de passeio adaptados em oficina certificada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) – e outros quatro em processo de transformação.
Até o final do ano, Itaipu vai concluir a construção de uma nova planta de produção de biometano, desta vez dentro da usina, em frente ao Mirante do Vertedouro, ampliando a capacidade de abastecimento com esse tipo de combustível.
Sustentabilidade
De acordo com Herlon, o avanço das pesquisas para viabilizar o biometano atende aos preceitos de sustentabilidade contidos na missão e na visão de Itaipu, sustentados em três dimensões: ambiental, econômica e social.
“Ao transformar o dejeto em biogás, você dá um encaminhamento adequado ao produto in natura, evitando que ele contamine rios e córregos. Além disso, contribui para a redução das emissões de CO2 e do efeito estufa”, disse, sobre o aspecto ambiental.
No campo social, a expectativa é criar uma nova cadeia de negócio, criando frentes de trabalho e beneficiando a agricultura familiar. O biogás – e o biometano – também poderá compor o mix de produtos da propriedade rural, elevando a renda do produtor e sua família.
Sobre a feira
A 39ª edição da Expointer começou no último sábado (27) e segue até domingo (4) apresentando novidades da tecnologia agropecuária e agroindustrial. De acordo com a organização, estão expostos maquinário agrícola e as raças de maior destaque criadas no Estado.
A feira é realizada no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, no município de Esteio (a 25 km de Porto Alegre), em uma área de 141 hectares que abrigam 45,3 mil m² de pavilhões cobertos, 70 mil m² de área para exposição, 19 locais para julgamentos, nove espaços destinados à realização de leilões e auditórios.
Fonte: Assessoria Itaipu