Mecânico recupera carro 16 anos após o roubo. Quando descobriu que era roubado, dono paraguaio resolveu devolvê-lo

 

A história

O mecânico Jefter Sensato é um apaixonado por carros. Como diz ele, “um gasolina na veia”. Há 16 anos teve seu carro, um opala 1979, roubado no bairro em que morava, em Foz do Iguaçu. 

Depois de quatro dias procurando pelo veículo, desistiu. Esqueceu. Meses depois foi embora para Sapezal, no Mato Grosso. Cidade onde não há um opala sequer.

A grande surpresa ocorreu no final de julho. Jefter recebeu uma mensagem de um paraguaio chamado Robert Acosta, com a foto do seu opala roubado. No texto, ele dizia que queria devolver o carro ao verdadeiro dono.

Desde então, os dois não deixaram mais de se falar. Trocar fotos e confidencias sobre o carro e a paixão pelo opala. 

Depois de 15 dias trocando mensagens, acompanhado da esposa e dos irmãos, no último sábado, 12, Jefter foi até Ciudad del Este, para conhecer Robert pessoalmente. A angustia e a ansiedade, aos poucos foram dando lugar a sorrisos. 

“Eu não acreditava. Mas foi tudo muito rápido. Ele me mandou a foto do carro. E decidi vir busca-lo. Ainda parece que não é verdade. Mas é”, disse o mecânico.

“Eu sempre gostei muito do carro. Não tinha dinheiro suficiente que pagasse por ele. Mas quando descobri que era roubado, decidi devolvê-lo, Robert Acosta. 

Quase perto do carro

Apresentações feitas, agora chegou o momento mais esperado. A  hora de rever o Opala. O carro está na casa de Robert.

Para Jefter não foi fácil perder o carro. Ele tem guardado até hoje a chave reserva e o manual. Para Robert, também não será fácil ficar sem ele. 

Desde menino, Robert sonhava em ter justamente um opala. Trabalhou e juntou dinheiro. Aos 19 anos encontrou um opala bordô parado num posto de combustível, em Ciudad del Este. Não pensou duas vezes. Reuniu as economias e comprou o carro. Fez documentação paraguaia e durante 10 anos cuidou, reformou e participou de encontros. Mas na manhã do dia 28 de julho, acordou determinado. Iria devolvê-lo ao verdadeiro dono.

A namorada Nacy Gavillan foi a primeira a saber da possível devolução. “Quando ele me contou não acreditei. Sabia o quanto àquele opala era importante para ele. Mas quando soube da história do verdadeiro dono, o apoiei”.

No mesmo dia, pediu ajuda a um amigo brasileiro, também apaixonado por carros, o bombeiro Adriel Rodrigues. Passou o número do chassi e juntos descobriram o nome do verdadeiro dono. Depois de pesquisas nas redes sociais, encontraram Lucia, a esposa de Jefter. 

“Eu acordei determinado a devolver o carro. Procurei ajuda de um amigo. Horas depois já estava conversando com Jefter. Sei que ele está feliz tanto quanto eu”, disse Acosta. 

Bem longe dali

Destino? Coincidência? Sinal? Dois mil quilômetros de distância, na mesma noite, dezesseis anos depois, Jefter lembrou do opalão bordô.

“Ouvi um amigo contando uma história semelhante. De uma pessoa que teve seu carro roubado. Na hora lembrei do meu opala”. 

Agora, Jefter e a esposa que vieram de Sapezal somente para buscar o carro, vão voltar para o Brasil, preparar a documentação e seguir viagem. Ele quer curtir o presente nesta nova etapa da vida. 

É que há menos de um ano, ele teve uma pneumonia bacteriana. Ficou 40 dias internado, 20 deles, na UTI.

“Eu estava morto. Os médicos queriam desligar os aparelhos, mas num certo dia, um milagre aconteceu e eu acordei”. 

Em Sapezal, os amigos esperam ansiosos pela chegada do senhor opala, hoje com 38 anos. 

 

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