Renault e Nissan mantêm uma aliança estratégica desde 1999. No Brasil, a francesa está comemorando 20 anos de presença enquanto a japonesa opera desde os anos 2000. Nestas quase duas décadas em solo tupiniquim, podemos dizer que, em 2018, as duas marcas vivem seu melhor momento.
O Nissan Kicks é o tipo de carro que dificilmente passa despercebido nas ruas, especialmente em uma de suas combinações ousadas de cores. Há algum tempo me chamou a atenção a quantidade de unidades do SUV nas ruas de Londrina e outras cidades do Norte do Paraná, o que foi explicado pelo ranking de vendas do mês de março, quando o Kicks assumiu a liderança do segmento de SUVs, ultrapassando Honda HR-V e até Jeep Compass. No acumulado do ano, os três ocupam a casa dos 12 mil emplacamentos.
Por parte da Renault, o Kwid foi a grata surpresa de março, assumindo a quinta colocação no top 10, com 6.454 emplacamentos. No trimestre, já foram 13.687 Kwids emplacados no País (nada mal para quem estreou no mercado em agosto de 2017).
O bom desempenho dos dois modelos repercutiu em aumentos importantes de share para as duas montadoras. De fevereiro para março, a participação de mercado da Nissan cresceu 1,2 ponto percentual, subindo de 4,3% para 5,51%. A Renault avançou de 7,84% para 8,3%. No acumulado do ano, as duas também ganharam. De janeiro a março de 2017, a Renault tinha 6,8% de share; no mesmo período de 2018, subiu para 7,52%. A Nissan cresceu de 4,16% para 4,61%.
Investimentos
Um concessionário Nissan me disse que a marca pretende abrir em breve o terceiro turno de trabalho na fábrica de Resende (RJ), possivelmente para ampliar a produção do novo March e do Versa, aguardados para este ano. Oficialmente, porém, a Nissan diz que isto “é uma pretensão, mas ainda sem previsão”. Inaugurada há quatro anos, a fábrica iniciou segundo turno de atividades para comportar a fabricação do Kicks em julho do ano passado.
Recentemente, a Renault inaugurou uma nova fábrica para a produção de componentes de motores no Paraná – estrutura prevista dentro do investimento de R$ 750 milhões anunciado no ano passado. Na oportunidade, porém, a marca condicionou novos aportes à aprovação do Rota 2030 (regime automotivo a ser anunciado pelo Governo Federal para substituir o Inova-Auto e aguardado desde o início do ano).
Possibilidades
Renault e Nissan têm desempenhos diferentes nos segmentos que mais emplacam no mercado. Enquanto a francesa performa bem no segmento de entrada com o Kwid, está sem um grande representante no de SUVs. Duster ficou comendo poeira desde o aumento de concorrentes na categoria e só deve ganhar nova geração em 2019; Captur não figura nem entre os 20 mais vendidos. É esperada para este ano a Alaskan, picape média que pode marcar a estreia da Renault no segmento, acima da Duster Oroch.
Já a Nissan está fora do páreo justamente no segmento de entrada. O March, que tem vendido pouco a despeito de suas qualidades, deve ganhar nova geração ainda este ano – bem como o Versa, sedã que tem um bom posicionamento em vendas, e também deve mudar (nova geração ou um facelift). Um possível SUV médio da marca também deve vir, mas importado.
Com representantes de volume em variados nichos, as integrantes da Aliança teriam tudo para despontar entre as maiores, como tem acontecido mundialmente. Em 2017, a Nissan foi a quinta montadora do planeta que mais vendeu veículos (5,1 milhões) e a Renault, a nona (2,6 milhões). Em share, isto representa 5,4% e 2,8%, respectivamente.
Tanto Renault quanto Nissan reafirmam sempre que possível seu carinho especial pelo Brasil. No caso da francesa, ainda maior pelo Paraná, que considera sua “casa” no País. Analisando bem, a Aliança deve mesmo ter um carinho especial por nós, afinal, proporcionalmente, ela performa melhor em solo tupiniquim. Somadas, as duas marcas representam 8% do mercado mundial; no Brasil, considerando o share do trimestre, respondem por 12,13%.
*Embora não tenha sido citada nesta coluna, a Mitsubishi passou a integrar a Aliança em 2016.