Problemas com a tireoide: endocrinologista indica quais são os cuidados necessários para evitar doenças

Renata Maksoud Bussuan, especialista da pós-graduação da Afya Educação Médica, explica qual a função da tireoide e as enfermidades que esta região do corpo pode ter

No dia a dia, é possível que você já tenha ouvido alguém dizer que está com um “problema na tireoide”. Mas, afinal, o que exatamente é a tireoide e quais são os verdadeiros problemas que podem surgir nesta glândula que está localizada na região do pescoço?

Sintomas de tireoide que você não deve ignorar

Em linhas gerais, esta glândula é responsável pela produção dos hormônios T3 e T4, que regulam o metabolismo do corpo e impactam em diversas áreas, como a respiração, o coração, a temperatura corporal e até mesmo o desenvolvimento neurológico. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 750 milhões de pessoas em todo o planeta sofrem com algum problema relacionado à tireoide.

A prevenção às doenças na tireoide, no entanto, pode evitar futuras lesões ou nódulos na glândula. Uma estimativa no Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o período entre 2023 e 2025 aponta que 16 mil novos casos de câncer de tireoide sejam diagnosticados a cada ano, o que torna a doença a sétima entre os tipos de tumores mais frequentes no Brasil.

Renata Maksoud Bussuan, endocrinologista da Afya Educação Médica Curitiba, explica quais as razões pelas quais é preciso ter cuidado com a tireoide, as principais enfermidades, as melhores formas de prevenção e tratamento de doenças relacionadas a esta região do corpo.

Em linhas gerais, o que é a tireoide e o que ela faz no nosso corpo?

A tireoide é uma glândula que nós temos na parte anterior do pescoço, em formato de borboleta, que fica abaixo do pomo do adão, o popular “gogó”. Ela é bem pequena, mas tem uma função muito importante no nosso corpo: ela dá conta dos hormônios que controlam boa parte do metabolismo, que é como se fosse o “ritmo” do corpo humano. Ele é quem regula a velocidade do coração, a capacidade de consumir energia, a forma de funcionamento do intestino, a temperatura do corpo, a memória e o humor. A tireoide, desta forma, é uma fonte que produz os hormônios T3 e T4, que circulam e chegam ao órgãos-alvos para fazer as suas ações.

Qual a diferença entre hipotireoidismo e hipertireoidismo e quais são as causas de cada um?

A principal diferença entre os dois é o ritmo com que a tireoide funciona. No hipotireoidismo, ela funciona mais devagar e produz menos hormônios; no hipertireoidismo, é o contrário, pois ela trabalha mais rápido e produz mais hormônios do que o corpo precisa.

No hipotireoidismo, a principal causa dele é a tireoide de Hashimoto, uma doença autoimune na qual o próprio corpo produz anticorpos contra a glândula. Mas há também o hipotireoidismo pós-tratamento cirúrgico, o medicamentoso e aquele que acontece na gestão ou após a gestação. E claro, há casos congênitos, em que a pessoa já nasce com essa condição.

Já o hipertireoidismo tem como principal causa a doença de Graves, uma condição autoimune em que você tem anticorpos estimuladores, que estimulam a tireoide a funcionar. Há também a doença de Plummer, em que você tem um nódulo que funciona sozinho; os bócios multinodulares, em que existem dois ou três nódulos produzindo hormônio ao mesmo tempo.

Além disso, há casos de tireoidite, quando o tireoide está inflamada e libera hormônio internos, inflamações, uso excessivo de iodo e o hipertireoidismo iatrogênico, quando pessoas querem perder peso ou diminuir cansaço fazem uso de hormônios tireoidiano.

Como é possível identificar que tem algo de errado com a tireoide e, a partir dessa suspeita, o que fazer?

Os principais sintomas do hipotireoidismo são o cansaço, aumento de peso, retenção hídrica, intestino mais preso, pele seca, cabeço quebradiço, unha fraca, frio em excesso, irregularidade menstrual, dificuldade de concentração, quadro depressivo e o rosto inchado.

No hipertireoidismo, os sintomas são o emagrecimento muito rápido (mesmo com a alimentação normal), coração acelerado, ansiedade, irritação, dificuldade para dormir à noite, mãos trêmulas, intestino solto, diarreia, excesso de transpiração e calor, queda de cabelo, enfraquecimento de músculos e menstruação irregular.

Como alguns sintomas são parecidos nos dois, é preciso que haja uma investigação por parte do médico, que irá pedir os exame pertinentes a, por exemplo, doença de Graves e tireoide de Hashimoto, além do ultrassom de tireoide.

Existem alimentos ou comportamentos do dia a dia que impactam na tireoide, tanto para o hiper quanto para o hipotireodismo?

É muito importante deixar claro que, para algum alimento ou comportamento provocar a alteração da tireoide, ele tem que ser consumido ou praticado de forma crônica por muito tempo. O que se pode indicar é evitar, por exemplo, o iodo ou o excesso dele na alimentação, pois ele tem uma capacidade de inflamar a tireoide, ainda que seja essencial para o seu funcionamento. O iodo do sal de cozinha já é o suficiente para o funcionamento da glândula, mas pode haver a substituição por um produto não-iodado.

Muito se fala também de alguns vegetais, da soja, mas são substância que, para interferirem no funcionamento da tireoide, precisariam ser consumidas em altíssima quantidade. No entanto, álcool e cigarro são substâncias que podem agravar doenças autoimunes, além do estresse crônico, que também pode influenciar.

Existem formas de prevenir as doenças relacionadas à tireoide?

 

É muito difícil você prevenir uma doença autoimune da tireoide, como são a tireoide de Hashimoto e a doença de Graves. Porém, se você tiver uma alimentação equilibrada, evitar iodo e álcool em excesso, parar de fumar, cuidar do intestino e da sua imunidade, é possível controlar o quadro. Também é importante evitar dietas muito restritivas, que cortam grupos alimentares inteiros, pois isso pode piorar a imunidade e aumentar a chance da doença se manifestar. E claro, se você possui um histórico familiar de doenças da tireoide, é bom procurar o seu médico para um check-up.

 

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