Robótica como forma de inclusão, por Alexandre Ferreira

Esta é apenas uma das histórias de inclusão que carrego em três anos morando em Pato Branco, cidade brasileira reconhecida pelo investimento no campo da robótica. Mudei para lá com o objetivo de levar às crianças de todas as idades acessibilidade e preparação para um futuro que será marcado não somente pela super tecnologia, mas pela renovação da educação, já que métodos tradicionais não se aplicam quando o assunto é robótica.  Essa nova era já está sendo construída de forma orgânica e proporcionando um ambiente de sinergia não só nas escolas, mas em casa, com o envolvimento dos pais em atividades que estimulam o desenvolvimento. O professor nesse novo modelo não é a única fonte de saber, mas uma referência em um processo de evolução do aluno e cidadão.

Muitas profissões atuais estão com os dias contados. Serão substituídas por programação ou robôs. E as crianças que tiverem experiências com robótica na infância terão um preparo superior às demais. Serão os empreendedores de um futuro onde a tecnologia será obrigatoriamente uma ferramenta de criação e construção.

A metodologia Oficinas do Chão que desenvolvi e aplico em mais de 25 escolas por ano, com o apoio da Secretaria de Ciência e Tecnologia e da Secretária de Educação, Heloí Aparecida, tem o desafio de fazer com que escolas e instituições reconheçam o hardware livre como aliado da reciclagem e da criatividade. Como ferramenta valiosa para motivar, estimular e manter acessível o desejo pelo que vem pela frente. A robótica pode e deve ser acessível para todos. A implementação da disciplina nas ações do tempo integral das escolas, assim como a capacitação de alguns professores multiplicadores estão colaborando para a formação de um ambiente fantástico em Pato Branco, que precisa ser expandido para todo o país.

Devemos cada vez mais observar casos como a de uma aluna especial de mais ou menos 17 anos que recentemente emocionou a mim e a sua mãe com a integração e participação nas atividades de robótica com seus colegas. Com dificuldades motoras, de fala e cognitivas, ela se integrou na tarefa de personalizar e ligar os fios do robô de sua equipe. Ficou responsável pela parte da pintura. Ao final da aula, com todos os robôs funcionando, fui surpreendido pela mãe da aluna que foi levada à sala por insistência da filha sem entender muito porquê. Expliquei o que havíamos feito na sala. A menina apontou para o robô que ajudou a construir e o coloquei no chão para andar. Tão logo ele começou a se movimentar, observamos os olhos emocionados da aluna, que bateu no peito, como quem dizia: “Eu que fiz! Eu posso!”.

Isso é inclusão. E não é um sonho.

* Alexandre Ferreira é embaixador da Campus Party

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