“Dia da mulher é para luta, mas também celebração”, diz Gabriela Prioli

O Dia Internacional da Mulher é uma data para reafirmar a luta por uma sociedade mais igualitária, mas é também um dia de festejar. É o que defende a advogada e apresentadora Gabriela Prioli, que ministrou a palestra “Mulheres no Poder”, nessa sexta-feira (8 de março), para cerca de 700 mulheres da Itaipu e das fundações Itaiguapy, Fibra e Parque Tecnológico Itaipu (PTI), no Cineteatro dos Barrageiros.

“Podemos desejar, sim, ‘Feliz Dia da Mulher’, poque a felicidade para as mulheres é revolucionária. O espaço da mulher socialmente construído é um espaço de serviço, é um espaço de existir em função do outro, então nos permitir a celebração é também uma forma de lutar”, afirmou Gabriela. “As mulheres sofrem demais com a sobrecarga, por isso, se permitir a leveza é lutar por uma existência que tenha essa característica de forma mais marcante, mais presente.”

A palestra da apresentadora do programa Saia Justa, da GNT, marcou o início das celebrações do Mês da Mulher promovidas pelo Comitê de Gênero, Raça e Inclusão da Responsabilidade Social, da Itaipu. Entre as ações, serão feitos vídeos prestigiando as empregadas da Itaipu e, ainda, o passeio “Itaipu Iluminada para Elas”, para as terceirizadas que atuam em todos os setores da Binacional. Será uma visita panorâmica pela usina, iluminação da barragem, apresentação artística e jantar.

Cerimônia

Para a diretora administrativo-financeira do Parque Tecnológico Itaipu (PTI), Clerione Herther, o Dia da Mulher representa a celebração das conquistas femininas e a oportunidade de reflexão sobre os desafios que ainda persistem. Ela exibiu um vídeo mostrando a atual situação da mulher no mercado de trabalho: estima-se que serão necessários 257 anos para a mulher alcançar a equidade salarial.

“É essencial unir esforções e promover a conscientização sobre a importância de garantir oportunidades iguais para todas as mulheres, independentemente, de sua origem, raça ou condição social”, afirmou Clerione. “Por isso, entendemos que Itaipu, PTI e demais fundações têm obrigações de realiza ações estratégicas nesta temática.”

De acordo com o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, a sociedade não pode normalizar a diferença salarial e a violência contra as mulheres. “Só seremos uma sociedade justa, democrática, quando tratarmos homens e mulheres de forma igualitária”, disse. “E o que fazem as mudanças sociais não são somente os políticos, mas a própria sociedade organizada.”

Mulher no Poder

Gabriela Prioli fez um panorama sobre o papel da mulher na sociedade, papel construído culturalmente e que, por isso, pode ser descontruído. Para ela, uma sociedade mais justa beneficia mulheres e homens. “Uma sociedade em que a carga mental física profissional e de cuidado seja distribuída de forma equivalente entre homens e mulheres é uma sociedade mais feliz para homens e mulheres, então, é fundamental que todo mundo esteja engajado nessa luta”, disse.

Ela comentou dados que apontam o rendimento das mulheres representa, em média, 77,7% do rendimento dos homens; que entre os 500 CEOs das maiores empresas do mundo, apenas 53 são mulheres; e que a economia doméstica, não remunerada, poderia acrescentar 13% ao PIB nacional (no mundo todo, esse trabalho não pago tem o valor anual de 10,8 trilhões de dólares).

“Se a gente está fazendo todo esse trabalho, como ficamos em relação ao tempo, à exaustão e à liberdade?”, questionou. Para Prioli, é legítimo que a mulher escolha não seguir uma carreira profissional e cuidar da família, mas isso é injusto quando essa decisão venha de uma imposição. “Os homens não passam por essa escolha.”

A advogada comentou sobre a evolução das conquistas femininas em relação ao direito ao voto, a Lei do Divórcio, a Lei Maria da Penha, a Lei do Feminicídio. “Hoje, a lei garante às mulheres os mesmos direitos dos homens, mas estar na lei não significa que a sociedade vai respeitar”, comentou.

Ainda hoje, segundo a palestrante, há uma visão de que o homem é mais preparado que a mulher, tanto na forma como criamos meninos e meninas, quanto no jeito que a sociedade trata as mulheres na academia, na ciência e no trabalho. Homens têm mais chances, por exemplo, de ter um livro publicado ou ter uma melhor avaliação na faculdade.

Para finalizar, Gabriela Prioli falou sobre a necessidade da própria mulher se legitimar. “Se a gente pudesse acreditar que um elogio é merecido; se em vez de imaginar que não somos merecedoras, reconhecermos o valor em nós mesmas, mudaremos tudo.”

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