Não atentara, todavia, para a necessidade de acompanhar as ações do tempo, ou pelo menos tentar fazê-lo, considerando para tanto as transformações que este traz.
Indiferente, e beirando a insensibilidade, reagia com desdém a quaisquer manifestações de reconhecimento ou afeição por alguém ou algo, até que um dia, convidado para participar de uma cerimônia fúnebre, um detalhe o incomodou.
E o motivo não foi o comportamento do grupo de pessoas que, resignada e silenciosamente, prestava as ultimas homenagens a quem desta dimensão se despedira.
Seu discernimento não foi a tanto.
Chamou-lhe a atenção, sim, uma frase estampada em uma lápide onde se lia: “Aqueles a quem amamos jamais morrem, simplesmente antecipam uma partida”.
A conotação, ná frase lapidar, do verbo amar com o substantivo partida, o fez refletir sobre sua insignificância e, principalmente, sua mesquinhez.
Sentindo-se excluído por não saber como proceder naquele momento em que não havia qualquer interesse em se ganhar o que quer que fosse, salvo demonstrar solidariedade, admitiu uma derrota pessoal que o faria, seguramente, reciclar seus conceitos existenciais.
Carlos Roberto de Oliveira é empresário e motorista