Março Mês da Mulher: Será que as mulheres dirigem melhor?

Quem dirige melhor, o homem ou a mulher? Uma pergunta assim sempre gera polêmica. Os machistas vão afirmar que mulher sabe pilotar mesmo é máquina de lavar roupa ou fogão, nunca um carro. Jamais! As mulheres e os politicamente corretos vão argumentar que mulher dirige melhor porque comete menos acidentes. 

Sempre há controvérsias. Os machistas que me desculpem, mas há muita mulher por aí que dirige muito melhor do que seu similar masculino. E as feministas que me perdoem, mas de fato as mulheres cometem muitos acidentes. Com uma ressalva fundamental: a maioria dos acidentes é de menor gravidade. Quem mais mata e morre no trânsito são aqueles que se julgam os melhores motoristas justamente os homens. Segundo dados das seguradoras, 30% dos acidentes que envolvem homens levam à perda total do veículo. E nem se fala de quem está dentro.

É importante lembrar o que dizem os especialistas (da USP, por exemplo): as diferenças entre os cérebros masculino e feminino podem influenciar também quando a pessoa está ao volante. Rapidez de raciocínio na boleia é um atributo tipicamente masculino. Mas a mulher, com treino e concentração, pode atingir rapidamente um nível de raciocínio semelhante.

O homem, desde menino, é levado a se familiarizar com o mundo motorizado. Quando aprende a dirigir, tem muito mais facilidade que a mulher, cuja infância se resumiu a bonecas e casinhas de brinquedo.

Talvez por esta menor familiaridade com um carro, a mulher se cuida mais, dirige de forma mais cuidadosa e não abusa da velocidade. Estatística, no Brasil, nunca é muito confiável, mas dados do Detran do Paraná mostram que, em média, cerca de 20% das carteiras de habilitação suspensas pertencem a mulheres. A maioria, portanto, é de homens. Ainda segundo os números, os homens são maioria absolutíssima (mais de 90%) dos casos de suspensão automática da carteira, provocada por infrações como dirigir em velocidade altíssima ou sob o efeito de álcool.

Tem menos mulheres ao volante?  A diferença ainda é grande: em cada quatro carros em circulação no Brasil, calcula-se que apenas um seja dirigido por mulher. Mesmo assim, a proporção de acidentes, principalmente graves, é maior entre os homens – duas vezes mais, pelo menos.

Agora, tem também o lado negativo. Falar ao celular enquanto dirige é uma infração cometida muito mais por mulheres. Elas respondem por mais da metade desse tipo de infração (lembre que, proporcionalmente, são em menor número ao volante). Em compensação, cometem menos de um quinto das infrações por transitar 50% acima do limite estipulado para a via.

Um engenheiro de trânsito diz que, em relação à concentração ao dirigir, falar ao celular é um problema tão grave quanto guiar bêbado. Mas, com o telefone na mão, a infratora reduz a velocidade ainda mais do que aquela a que está acostumada, o que diminui a chance de provocar um acidente grave. Mas, cá entre nós, é um hábito feio e perigoso, independentemente de qualquer resultado.

Nos Estados Unidos, pesquisadores da Universidade de Michigan analisaram 6,5 milhões de acidentes de trânsito em todo o país, entre 1988 e 2007, e chegaram a uma constatação surpreendente. Como normalmente os homens passam mais tempo ao volante do que as mulheres (60% a 40%), os pesquisadores esperavam que os acidentes envolvendo dois homens no controle de seus respectivos carros chegassem a 36,2%, enquanto os acidentes envolvendo duas mulheres chegariam a 15,8%. No entanto, eles descobriram que os homens foram responsáveis por 31,9% dos acidentes entre eles, e as motoristas a 20,5% do total.

Eles não sabem explicar as razões para isso. Mas descobriram, também, que as mulheres têm mais chance de bater em cruzamentos e junções de pistas. Fica a dica para aumentar a precaução nesses pontos.

Quer outra diferença curiosa entre homem e mulher em relação ao carro? Para o homem, o veículo é uma extensão dele mesmo, seu espaço, seu reduto. Por isso mesmo, reage tão mal quando se sente vítima de qualquer coisa cometida por outro motorista. Já a mulher tem no carro um objeto de uso mesmo, por isso está sempre cheio de coisas que ela utiliza. Inclusive o estojo de maquiagem, sempre à mão para a embelezadinha em cada sinal fechado, para espanto dos motoristas masculinos.

Pois a mulher pode! Enquanto prosseguir matando e morrendo menos, dirigindo com sabedoria – mesmo que às vezes sem a habilidade dos machões -, vai merecer das autoridades de trânsito e das seguradoras um tratamento especial. Vamos esquecer aquele ditado que nada tem a ver com a realidade – “Mulher ao volante, perigo constante”. Na verdade, vale mais para os homens. Parabéns à mulher ao volante!

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