Uma trilha leve para o EcoSport Storm, por favor!

O tom marrom Trancoso metálico indica que o EcoSport é de linhagem 4×4. Pioneiro no segmento que mais cresce em todo o Brasil, o SUV urbano da Ford sai da fábrica de Camaçari (Bahia) na versão Storm, a nova configuração equipada com direção elétrica, motor 2.0 Direct Flex, de 176 cavalos, nova transmissão automática de seis velocidades e a desejada tração inteligente 4WD. Mas, o que aconteceu com o EcoSport “Made in Bahia”?

Líder absoluto de vendas e dono de um visual marcante – com direito a pneu estepe pendurado na tampa do porta-malas -, o EcoSport virou carro-global da Ford e hoje é vendido em mais de 125 países em todo o mundo. No Brasil, no entanto, tem perdido cada vez mais mercado e, atualmente, come poeira de Nissan Kicks, Jeep Renegade e Hyundai Creta, novos modelos à frente na lista dos mais vendidos entre os SUV´s compactos do mercado nacional.

Qualidades e derrapadas

Confira  uma série de qualidades e derrapadas do modelo produzido pela Ford na Bahia. Andei por sete dias na versão EcoSport Storm  – que tem valor sugerido de R$ 99.990. Pelo preço, é mais barato ao ser comparado ao Jeep Renegade, este tem motor a diesel, câmbio de 9 velocidades e tração 4×4 (R$ 108.960). Entre os outros rivais, o Eco Storm tem preço justo pelo que cobra a concorrência e sai na frente pela tração integral e, principalmente, pelo novo multimídia Sync 3. Se é pelo valor, a Ford acertou.

O segundo ponto é meio dúbio. Design é algo que agrada ou afasta. Mas, o novo EcoSport Storm é um veículo vistoso, sim. A configuração mais cara do SUV da Ford vem com um visual bem renovado, a começar pelos faróis de xênon com máscara negra, capa de estepe rígida na traseira, rodas de 17 polegadas, grafismos e a bela cor marrom Trancoso. Na parte interna, o carro melhorou e muito e tem alguns elementos exclusivos como o painel “soft”, bancos de couro e o teto em tonalidade mais escura. Detalhes como os frisos em laranja acetinado mostram que o veículo é ainda mais esportivo. E para os mais detalhistas, é bom lembrar que o EcoSport Storm tem visual frontal com grade dianteira inspirada na picape off-road F-150 Raptor.

A Ford oferece um SUV mais para uso urbano com bom pacote de equipamentos, incluindo faróis com luz diurna de LED e acendimento automático, acesso ao veículo com chave presencial (pode ficar no bolso da calça, por exemplo), partida por botão, além de sistema de ar-condicionado automático digital, computador de bordo com tela de 4,2” no painel, câmera de ré, sensor de chuva e som premium Sony com nove alto-falantes. Em todas as versões, já vem com sete airbags, controle de estabilidade com sistema anticapotamento, monitoramento de pressão dos pneus, freios ABS com EBD e sistema Isofix para cadeirinhas infantis.

Se é para botar na trilha, é bom avaliar com cuidado os trechos e obstáculos à frente. Nada de aventuras mais radicais com pneus de uso misto ofertados no Eco Storm. A Ford equipa esta configuração com a tração inteligente 4WD (four-wheel drive), sistema que funciona por demanda de força e sem a necessidade de intervenção do motorista. O dispositivo instalado pela Ford distribui o torque entre as rodas e empurra o carro para transpor situações inesperadas no fora-de-estrada. É para uso leve e sem tantas aventuras.

Sujar carro é fácil; atolar é mais complicado e, na empolgação, tem motorista (condutor de carro de passeio) atolando em pisos não tão irregulares (lama e areia fofa). Os números indicam a capacidade de um carro para passar por trilhas mais duras. A Ford informa que o EcoSport Storm tem altura livre do solo de 200 mm. O ângulo de saída conserva a mesma medida da versão 4×2 (27,6°). Já o ângulo de entrada é de 23,6°. Nem é pouco nem é muito. Mas, carro com pneus de uso misto tem lá suas limitações e ai é bom saber que um terreno com lama ou areia fofa é bem diferente de uma pista com lombadas, por exemplo.

Pisos mais irregulares com erosões, pedras e até mesmo um trecho de areia fofa podem complicar a brincadeira de usar o 4×4 integral do Eco Storm. Na dúvida, nem vá. Se é para brincar, então faça a brincadeira 4×4 em um comboio de veículos offroad com um carro de apoio para rebocar em caso de atoleiros. Para garantir os solavancos, a suspensão traseira usa sistema independente multibraço no lugar do eixo de torção do EcoSport de tração dianteira.

Complicadores no mercado de SUV´s

Mas, o mundo mudou, principalmente o gosto do brasileiro por carro. Se antes o EcoSport empolgava com seu pneu estepe pendurado na tampa do porta-malas, hoje a situação é bem diferente. Em mercados como o dos Estados Unidos, a Ford dispensa o estepe pendurado e oferta o EcoSport com a opção da traseira mais para crossover. No Brasil, poucos ainda têm o estepe na tampa do porta-malas, item seguido pelo Volkswagen CrossFox e Chevrolet Spint Activ, por exemplo.

A Ford acertou com o Sync 3 – tem tela de 8 polegadas, conectividade com Apple CarPlay e Android Auto e traz comandos de voz para áudio, telefone e navegação com mapas do Brasil. A Ford deu uma valorizada também no espaço. No entanto, ainda é mais acanhado ao ser comparado com o Hyundai Creta. Braço esquerdo do motorista ainda fica batendo na porta, e isso incomoda para quem usa diariamente o carro, ficando com a sensação de aperto no habitáculo do veículo. No pacote de conectividade, o Nissan Kicks, por exemplo, oferece praticamente o mesmo pacote de itens e inclui a câmera de 360º, item bem interessante para quem deseja estacionar em vagas apertadas.

Em tempos de gasolina beirando R$ 5 por litro, a Ford oferece um motor muito, muito amigo dos postos de combustíveis. Abastecido com gasolina, o EcoSport Storm é um exagero de consumo médio (urbano) de 7 km/litro, de acordo com o computador de bordo do veículo. O motor 2.0 Duratec Direct Flex do EcoSport Storm tem quatro cilindros em linha, transversal, bloco fundido e cabeçote de alumínio, com duplo comando de válvulas, corrente e quatro válvulas por cilindro. Gera bons 176 cavalos e torque de 22,5 kgfm a 4.500 giros, auxiliado pela transmissão automática de seis velocidades, substituindo a automatizada de dupla embreagem da versão anterior, e a tração integral 4×4.

Por mais que o motorista pise leve no pedal de aceleração, este conjunto motriz puxa muito combustível. No frigir dos ovos, a cada três dias é necessário passar no amigão do posto de combustível para encher o tanque de 52 litros. Além disso, o EcoSport pesa 1.845 kg de peso bruto total (são 1.469 kg em ordem de marcha). Se for para viajar, o espaço de 362 litros é pequeno para levar malas de cinco ocupantes. No comparativo de porta-malas, o tamanho do compartimento de carga do Ecosport ganha apenas para o do Jeep Renegade (320 litros). Perde feio para Renault Captur (437 litros), Nissan Kicks (432 litros) e Hyundai Creta (431 litros).

A Ford oferece o EcoSport Storm nas opções de cores marrom Trancoso, branco Ártico, prata Dublin e preto Bristol. As revendas estão oferecendo as três revisões anuais durante os 36 meses de garantia por R$1.616, usando o sistema de preço fixo da Ford.

 

Roberto Nunes é jornalista automotivo e cobre desde 2002 os principais lançamentos nacionais e eventos internacionais como os salões de Paris, Frankfurt, Detroit, Tóquio, Pequim, Buenos Aires e São Paulo. Edita hoje o site autosemotos.com e apresenta o programa Autos e Motos TV (SBT Bahia)

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